Autenticidade no Branding é mais do que um slogan
- Nando Rocha
- 23 de abr.
- 3 min de leitura
Existe algo que nem o melhor slogan consegue fabricar: autenticidade. Frases de efeito, campanhas impactantes, promessas inspiradoras — tudo isso pode chamar atenção por um instante, mas sem verdade por trás, a conexão não se sustenta.
Como lembra Marty Neumeier em The Brand Gap, a marca não é o que você diz que ela é, mas o que os outros dizem que ela é. E aqui está o desafio: o discurso verbal — slogans, mensagens institucionais, declarações de propósito — precisa refletir aquilo que a marca realmente vive no dia a dia. Caso contrário, em vez de fortalecer a percepção, esses elementos acabam apenas evidenciando a distância entre o que a empresa diz e o que ela entrega.
Antes de aprofundar, é importante distinguir dois conceitos frequentemente confundidos: autenticidade e transparência. Transparência é sobre ser aberto, claro e honesto sobre processos, erros e intenções — é mostrar o que acontece nos bastidores.
Autenticidade, por sua vez, vai além: é a coerência entre o que a marca é, o que ela acredita e como age. Uma marca pode ser transparente, mas não autêntica, se suas ações não estiverem alinhadas com seus valores declarados. Por isso, a autenticidade é um compromisso mais profundo, que envolve integridade e consistência.
Para compreender melhor a autenticidade no branding, podemos recorrer às quatro dimensões que a compõem:
Continuidade: a marca deve manter sua essência ao longo do tempo, respeitando sua história e raízes, sem perder relevância.
Credibilidade: as promessas feitas precisam ser cumpridas; a marca deve ser confiável e consistente em suas ações.
Integridade: os valores da marca precisam ser genuínos e praticados, não apenas declarados para fins de marketing.
Simbolismo: a marca deve representar algo significativo para seu público, criando conexões emocionais reais.
Muitas consultorias, na ânsia de se posicionarem bem no mercado, definem valores e atributos que soam bonitos: inovação, excelência, parceria, flexibilidade. Mas quantas realmente incorporam esses conceitos na prática? Inovar é arriscar, é mudar, é experimentar — mas quantas operam, de fato, fora do piloto automático? Dizer que valoriza parcerias é fácil; criar processos que envolvam o cliente de verdade, ouvindo e ajustando junto, é bem mais raro.
Na Minc.Space, tratamos os valores da marca como trilhas de comportamento, não como peças de marketing. Quando prometemos colaboração, cada etapa do projeto — do briefing ao diagnóstico, das validações às entregas — é desenhada para que o cliente tenha voz ativa. Quando falamos em criatividade, ela não aparece só no design final, mas em como propomos caminhos, escutamos ideias e adaptamos abordagens. E se, em algum momento, percebemos desalinhamentos, não hesitamos em revisitar nossos próprios processos para reconectar intenção e ação.
Autenticidade, como já dizia Simon Sinek, nasce do alinhamento entre propósito e prática. Não se trata de parecer confiável — trata-se de ser confiável. Não se trata de construir slogans perfeitos — trata-se de tornar cada pequena interação uma reafirmação silenciosa dos valores que defendemos.
E ser autêntico exige escolhas difíceis. Nem sempre vamos agradar a todos os perfis de cliente. Nem sempre o mercado vai aplaudir imediatamente. Mas, no longo prazo, é a consistência entre discurso e prática que constrói marcas memoráveis. Marcas que não apenas prometem, mas entregam. Marcas que não apenas comunicam, mas geram pertencimento.
Ser autêntico não é fácil, mas é possível — e vale a pena.
Cada escolha alinhada, cada ação coerente, constrói uma marca que não apenas sobrevive, mas inspira, transforma e deixa um legado. Que sua consultoria seja essa marca.